Ao sair, por favor, apague a luz
Já não serei mais feliz. Mas tanto faz.
Há tantas outras coisas nesse mundo;
Um instante qualquer é mais profundo,
Diverso que o mar. A vida, fugaz,
E embora as horas passem devagar,
Obscura maravilha nos espera,
A morte, esse outro mar, essa outra seta
Que do sol nos liberta e do luar
E do amor. A alegria que me doaste
E me tiraste, que seja apagada;
O que era tudo se transforme em nada.
O gozo de estar triste só me baste,
Este costume vão que a mim inclina
Ao sul, a certa porta, a certa esquina.
Um epitafio.
Borges talhou-o.