Em off

Um espaço que agora se ocupa em dar destino à vida de um personagem.

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Local: Curitiba, Paraná, Brazil

sábado, abril 23, 2005

Elogio a Elegia

Perca seu tempo e envelheça. Convença a você mesmo que no final das contas valeu a pena.

E valeu mesmo?

Não sei, não sei meu camarada, a vida é sua, o tempo também. Se possível fosse pra ti vender um pouco de sua existência para alguém que precisasse ou que simplesmente quisesse ter uma vida longa de magnatismo e luxúria, quanto você pediria?

Ah, perdão, não creio que tu pudesse fazer algum preço sob sua alma; provavelmente você teria que seguir a cotação vigente no mercado de ações de tempo: dependendo da quantidade comprada, o preço flutuaria ou depencaria. Sendo um acionista de tempo, ao menos sentiríamos muito mais o tempo perdido do que atualmente.

Enfim, tenho meus olhos doídos de sono e minha mente em um estado de semi torpor. Só mesmo minhas mãos insistem numa fracassada revolta, tiritando insolenemente esse passeio fora de hora pelo mundo signatário.

Estou feliz no fundo, com tudo isso. Feliz por que ao menos o movimento existe e movimento é tempo e tempo graças a Deus ainda não virou dinheiro.

"Chegou atrasada. Ele acabou de saltar. Mas disse um recado pra ti antes de pular. Ele me fez decorá-lo e repeti-lo em alto e bom tom no momento exato que seu crânio partiu-se no asfalto, espalhando todas suas idéias no éter. Fiz questão de fazer o que ele me dissera e cumpro agora a parte final da promessa. A única coisa que realmente lamento de tudo isso é que hoje ainda não tive tempo de me olhar no espelho".
Tempestade Elétrica (2005) pg 38

quinta-feira, abril 21, 2005

Eu não gosto de terça feira

Abro minha sessão postográfica com um pensamento batido e desvirtuado completamente em nossa sociedade atual: "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena"- nada erótico infelizmente. Pobre diabo foste, Pessoa, para merecer reconhecimento tão fútil. Descansas agora na língua flácida do povo que carrega teu fanstasma inerte nos ombros, mas não teve coragem de sequer olhar em sua face quando eras carne.

Um pensamento clássico para contradizer o título desse post, que mais lembra uma manhã ignorante de um jovenzinho rebelde.

A missão desse espaço não é ter missão nenhuma. Portanto, se entra você aqui pensando encontrar algo de intelectual, estranho, altista ou engraçado, vá logo tratando de fechar essa janela binária. Não tenho nada em ambas as mãos e não pretendo fazer mágicas para entretê-lo.

Assumo que sempre senti fascínio em entrar em blogs e fotologs de meus amigos em uma treloucada tentativa de disivisar suas personalidades através de um buraco de fechadura. Sou, pensando dessa maneira, uma espécie de voyeur eletrônico. Menos mal, no mínimo eu admito isso.

Sempre colocarei comentários em meus posts, só pra poder espiar (eita palavrinha carregada de maldição nessas épocas de 84) o que os indívíduos (binários também....sim todos eles e tudo) podem me dizer com desestimulantes clichês (coisa que aprecio com refinado gosto).

Por fim, gostaria de esclarecer que escrevo sob pseudônimo nesse blog. Pois sou um informante profundo de meu próprio governo e minha identidade não pode de forma alguma ser revelada a mim, sob o risco de atentado a vida reflexiva.


"Pois eu faço blogs como quem morre e há uma gota de sangue em cada post - disse ele voltando-se para o senhor Vácuo sentado ao seu lado na confortável poltrona de mármore. Tudo bem, sussurou sua majestade olhando diretamente para seu tato, também não gosto das madrugadas com orvalho"

Mar Lunar (2000) pg 158-59